Ele se vai...
Rogério todo pôr do sol estranhava o coração se apertar na despedida diária.
Homem bonito de 30 anos descendente de japoneses que vieram ao Brasil tentar a sorte e lhes sorriu esta predestinada bondosa senhora que com ajuda do governo brasileiro que abraçou os nisseis,sanseis e demais.
Coube a família japonesa Kawauri não se fazerem de rogados houve trabalho duro e sorriso farto aos compradores que fizeram da pequena venda um grande negócio que se tornou de variados braços ao longo de 10 anos com o crescimento da família;Rogério se afastou dos pais e irmãos assim que terminou a faculdade de publicidade feita em uma das melhores faculdades de São Paulo e foi morar em Porto Alegre,levado por uma paixão inconsequente,foi com uma negra gaúcha pros Pampas e lá chegando durou mais dois meses de namoro e terminaram o romance como bons amigos que não se telefonam,não trocam e-mails e não vão ao cinema.
Rogério sentou de frente pra sua varanda que do décimo sétimo andar avistava boa parte da linda Porto Alegre imaginou integrante de um mundo diferente a ele,um mundo de homens e mulheres latinos,falantes,prósperos em suas vidas íntimas.Consultou o coração dentro do casulo azul e tirou fotos da cidade emprestada,seu corpo...
O corpo é uma casa emprestada.O que seria seu?
A intuição o fez escrever,a sensibilidade pintar e a descrição proporcionou que mantivesse um caso de 8 anos com o porteiro,com a empregada e o padeiro acreditando eles serem casos exclusivos e crendo ele ser sincero com todos.
"O beijo prende mas sexo liberta.Me beije enquanto te sirvo.Absorve o pouco de mim em sulcos de saliva framboesa"dizia aos sussurros nos ouvidos amantes,naquele instante amava.Ao deslizar a língua nos corpos de Helena,Bruno, Zé Jorge e Tom o lixeiro aspirante aator pornô traduzia o amor que tinha aprendido nos banheiros do colégio severamente católico,severamente triste.
"É um empréstimo,Rogério" a consciência chegou falando mansamente.
"Um empréstimo" repetiu alto.
Desceu as escadas,elevador rouba pensamentos.
Beijou o porteiro na boca em plena manhã de segunda feira,cantou o padeiro que sorriu constrangido foi de táxi a casa da empregada doméstica Helena deixou-lhe alguns tostões e um aperto na bunda.Parou num orelhão telefonou aos pais e disse num bom linguajar japonês:Arigatô!
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