sábado, 11 de dezembro de 2010

Meus Mortos.

Subiu na montanha dois quilometros longe de casa e rezou.
Não era católica,nem ao menos cristã.
Afirmava ser de um deus estranho.
Um deus poeta.
Olhou pro céu agradeu de forma simples:"A ti oh Deus que me fez mulher por definição e sentimento,agradeço"
Logo passou a conversar.
-Eu sempre pensei te contar coisas minhas,mãe,mas no dia em que decidi você dormiu.Fiquei tão brava por você dormir profundamente.Passado algum tempo pensei em conversar com o pai,mas numa tarde qualquer de chuva ele caminhou e até hoje deve estar caminhando.A estrada é longa,não o culpo.
-Sabe mãe,ontem a vó dormiu tambem.
-Dela não tenho saudades.
-Acho que nem de voce eu tenho;acho tão egoísta ter saudades.Por que veja bem,se voce precisou dormir é por que se fez necessario teu descanso,não ousarei jamais chamar-te a voltar.É tão bom conversar contigo;não consigo estar triste.
-Ontem o Ricardo me chamou pra conversar,dei-lhe um beijo.Acho que ele vai ser meu primeiro homem.Hoje ja faço 17 anos mãe chegou minha hora.A senhora tem que ver que homem bonito,mudou-se pra perto de casa logo depois da senhora dormir,estatura mediana olhos castanhos esverdeados pele clara de anjo barroco.A senhora ia gostar da mãe dele,tão carola,vai na missa todo domingo e reza toda sexta feira junto com as Marianas.
-Tô pensando até mesmo mãe em colocar uma roupa mais atraente,eu e ele conversamos sobre isso.Ele acha que é cedo demais,não faz idéia de como fico quando ele passa,agora entendo aquele seu olhar todo bobo quando o pai chegava do serviço.A senhora tambem ficava toda molhada apenas com o calor da mão dele?
-Desculpa.
-Mas é que hoje me vejo mulher como você.
-Olha vou colocar umas peças vermelhas e vai ser lá em casa,tia Conceição nem vai notar vive na Igreja a rezar com o padre pra cima e pra baixo,tua irmã é boa mãe,mas é tua irmã,isso é bem claro.
-Vamos transar no sábado,na segunda feira te conto como foi.Ta ficando tarde tua irmã logo chega.
-Beijo mãe.
Acenou para o céu e recitou:Aquele poeta que fez o tudo e o nada e entrevém nos meus braços trago delicada paixão,um adeus apertado e resto de pão.
Caminhou até sua casa e dormiu feliz.

sábado, 6 de novembro de 2010

Fim

Desconsiderando qualquer forma de amor relutante.Luzia deixava claro pra um certo Antonio sua decisão de se separar.Haviam sido amantes por seis meses e tudo corria perfeito até que ela num domingo de manhã após sua missa anglicana habitual,decidiu que precisavam se encontrar.
Antonio,sou eu.Preciso conversar com você ainda hoje.Sei que esta na cidade te encontro as 14:00 horas no Motel Sandore.
Antonio não respondeu apenas aquiesceu.
As 14:30 Antonio chegou esbaforido.Você não sabe minha mulher deu um show sobre domingo ser dia da familia e tive que deixa-la em meio a uma crise.
Eu quero terminar.
O que?
Eu me apaixonei e quero terminar.
Hoje é domingo minha mulher acaba de ter uma crise por uma mentira mal dada e você quer iniciar outra crise,Luzia?Acha que eu aguento?
Estou avisando hoje pois amanhã não quero te ver na faculdade.
Fazemos o mesmo curso,lembra?
Antes fazíamos bem mais que o curso e é apenas isso que quero impedir.
Você se apaixona,por um acaso(posso ser cínico assim?) por mim,e me joga fora.Acertei?
Não.
Então?
Como posso dizer,Antonio?
Não faço idéia.
Você me fez bem,nos fizemos bem.Acredito que na horizontal somos imbatíveis,invenciveis.
E o que esta errado?disse choroso.
Eu.
Você é perfeita pra mim.
Eu quero ser perfeita pra mim.E a minha perfeição é ser incompleta.
Voce tem que parar de ler tanta filosofia.
Descomplicar apenas isso que busco.
Descomplicar significa me colocar de lado?
Nossas vezes de ladinho foram especiais,disse lacônica.
Não faz isso comigo ja to ficando com saudades de nós.
Você esta com saudades de nosso sexo,isso qualquer prostituta pode te ajudar.
Eventualidade em consigo com qualquer uma,mas cumplicidade só com você.Eu não posso me separar agora,mas se vc esperar um pouco mais...
Eu não te quero.
Não me parece segura.
Eu não quero tua vida,eu quero minha vida e se isso significa você fora dela é assim que vou fazer.
Você fala como se nós fossemos independentes de sentimentos.
Não sou escrava deles.
Se doa um pouco pra mim.
Eu estou reservada Antonio.
Quem é ele?
Você me menospreza.
Eu te quero;do que você esta falando?
Você me olha como se eu estivesse procurando um pedaço de carne pra colocar na buceta.Eu digo que quero tocar minha vida de forma independente e você afirma que tenho outro.
Eu apenas perguntei.
Você praticamente me acusou.
É por que sou casado?
Não.
Qual o motivo?Eu preciso saber.Tenho direito,não?
Vou embora.
Fica.
Se tivesse chegado no horario nossa conversa teria sido maior.
Eu disse que...
É isso...
O que?
Eu sou o trunfo do teu ego,hoje é tua esposa que deu crise,amanhã teu carro que quebrou,depois de amanhã uma reunião do seu chefe;e sempre a certeza de que alguem aqui estara sentada a te esperar, por favor Antonio.
Sem fala olhou pra ele num ultimo pedido de compaixão.
A voz suave e firme de Luzia ressou:até amanhã na facul,boa tarde.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Juventude

Sobre seu caderno de musica,lagrimas.
Diesa e Marcelo não passariam de parceiros musicais.Estudantes do Conservatório Israelita de São Paulo se viam todas quintas feiras,conversavam sobre assuntos variados,nenhum dos dois judeus,apenas seus pais haviam lido que ali tinha sido considerado o terceiro melhor conservatório das Américas.Tambem a esse preço exorbitante,dizia o pai de Diesa,todo dia 15 do mês.Mas dizia com certo sorriso na voz,gostava de ouvir os trinados da filha ao piano.
Nesta quarta feira dia 05 de Abril Diesa decidiu que falaria de seus sentimentos.
Oi,Marcelo eu estava pensando em conversar contigo,iniciou.A Diesa eu também,poxa acredita que não consegui acertar aquele dó até agora e olha que treinei a tarde toda de ontem.
Ah,tá.Depois falamos disso.Disso?é tudo que mais me importa.
Pois eu tenho prioridades outras.
Mulheres,mulheres,vai me dizer que é emagrecer ou pintar cabelo ou comprar sapatos?
Seria você e estes apetrechos também.
Ah obrigado,somos irmãos praticamente.
Incesto?
O que?
Se fossemos irmão isto seria incesto.Puxou Marcelo pela camisa e lhe deu um beijo.
Mas Diesa,falou arfante.
Eu não sei se estou pronto pra um namoro.
Quem falou em namoro?
Temos só 15 anos Diesa.
Eu tenho 16 Marcelo esqueceu?
Desculpa esqueci.
Puxou novamente e sentiu sua língua percorrer a língua mole de Marcelo,ela de forma abrupta cono se estrupasse uma língua virgem ele sendo conduzido.
Te vejo amanhã.
Não vai ficar na aula hoje?perguntou Marcelo nervoso.
Hoje meu dia acabou,feliz dia acabou.
Ligou pro pai inventou uma indisposição,Marcelo ao seu lado com mãos frias a esperar seu Rui seu quase sogro,tentou falar alguma coisa quando Rui chegou Diesa virou-se deu um beijo longo e se foi com o pai.
Rui olhou para o menino e disse:Se você fosse judeu isso teria acontecido quando se conheceram quando ela tinha 13 anos,o que andam ensinando nas igrejas anglicanas de hoje?
Pai e filha sorriram e se foram no carro esporte cor cinza,Marcelo foi afinar seu piano neste dia Vivaldi não deu conta de lhe acompanhar.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Rapazes

Parado em frente a porta do hotel aguardou.
Era o fim.
Ricardo olhou em volta e em sua direção vinha Rafael tamanho médio,fortes braços,cabelos pretos pele clara dentes branquissimos leve musculos nos braços.
Sorriram automaticamente.
-Acho que é o fim.Apressou-se Ricardo
-Pode não ser.Sorriso nada confiante de Rafael
-Luto pra ser indiferente,mas a tua forma sedutora para com todos me deixa enciumado.
-Deveria mudar por insuficiencia de confiança tua?
-Por isso não quero amarra-lo a nada.
-Você pra mim é tudo.
-Não faça assim,por favor.
-Assim?Assim como? Lutar para que o nosso amor sobreviva a mais uma tempestade.Tempestade formada por ti.
-Como posso?Como posso conviver com esta situação Rafael?
-Qual delas dessa vez?
-Fora esta que você esta fazendo no momento;tem o seu relacionamento com seu ex como se fossem amigos íntimos vocês voram viajar juntos.
-Trabalhamos juntos.
-Eu não posso,voce compreende?
-Não,não compreendo e ja não sei se ao menos quero compreender,entender ou escutar.Respirou e prosseguiu:
-Desde que te conheci me uniu a ti nossas diferenças.Quais?Talvez estejas a se perguntar.Respondo sem problemas.Todas.Todas diferenças.Quando de te vi naquele curso de alemão que fazíamos juntos,meu Deus,pensei comigo que não seria possivel meu sonho se materializar em frente aos meus olhos,você com este tom de pele escuro,teus lábios carnudos,esta voz que vai o grave ao agudo no mesmo segundo doce delicada e forte,tuas mãos àgeis,teu vocabulario totalmente requintado.
-Foi paixão apenas?
-Ama-se um ideal a princípio,sou humano sabia?Começou como paixão tesão seja la qual for a classificação necessaria ou desejada por ti ou pelos demais.Mas a realidade é que desde então luto por nós.Por esta união que apenas eu vejo,apenas meus olhos conseguem vê-la.Por que corres dessa maneira.
-Estas sendo maniqueísta.
-Estou expondo o que sinto a teu favor,mas juro que se fores pra continuar em algo frio e instavel concordo com o fim.
-Frio?
-Frio.
-Ora frio(Ricardo alterou a voz agora mais aguda do que de costume)então me ensina como não sentir ciumes?
-Confiando.
-A tua filosifia soa como sarcastica.
-Qual a prova que tens de alguma traição?
-Mas é isto.
-Isto o que,Ricardo?
-É isto que não quero.Não quero ter que passar por essa humilhação pelo vexame que é ter que servir de impecilho pra você e teu ex.
-Mas o meu ex existe assim como o lixeiro,o motorista de taxi,o escritor espanhol que nunca leio.Meu ex simplesmente existe,meu amor.
-Há cumplicidade entre vocês eu sinto.
-Nem todos terminam com raiva ou ódio um relacionamento.
-Eu vejo a forma como ele te deseja.
-O mundo esta cheio de pessoas que sentem algo por outras e o ser pretendido não pode levar a culpa pelo que despertou quando sua intenção primaria é ou era totalmente outra,pensar o contrario seria ilógico.
-Neste momento a razão me foge.
-Ao pensar que você pode ir embora me foge o chão por debaixo dos pés,Ricardo.Eu sinto tua falta pela manhã quando acordo ao teu lado,ou quando estou em algum almoço de negócios,e até mesmo quando quase que diariamente fico preso neste maldito transito.Eu te amo e aguardo receber o mesmo.
-Ficarei neste hotel,Rafael.
-Por quanto tempo?
-Até amanhã pela manhã as 18:00 horas pego um avião pra Buenos Aires.Estou sedento por novos ares,boleros e talvez vinho.
-Você não bebe.
-Eu sei.
Deu um passo para trás se virou em direção ao elevador,olhou pra trás apenas uma vez e viu ali um homem de terno ao chão chorando como recem nascido,não teve forças pra voltar.Ao ascensorista com voz embargada solicitou o décimo andar.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Junção

Esperou o telefone tocar.
Depois de uma hora e meia tocou.
-Alô.
-Por gentileza poderia falar com a senhora Lucia Ruiz.
-Sim é ela,quem deseja?
-Ola sou Priscila do Cartão...
E la se foi quarenta minutos da explicação desnecessaria de um cartão que não utilizaria,mas por educação aquela moça que talvez se chama Priscila e que estava sendo obrigada a cumprir uma meta louca de uma empresa que pede a ela ligar para um possivel cliente as 21:00 de uma sexta feira.
-Ah obrigada Raquel.É Raquel teu nome né?
-Não senhora,Lucia, é Priscila do Cartão RevisVinda que possui varios itens de comodidade para seus clientes e afins,diz a simpatica garota pronta a repetir por mais quarenta minutos tudo que ja havia sido dito,ansiosa pra cumprir sua meta.
-Agradeço Patricia pela ligação mas no momento utilizo outro cartão mas revisarei as vantagens do teu e entro em contato.
-Podemos entrar em contato com a senhora amanhã.Persistiu a moça.
-Obrigada querida sábado não é dia de negócios somos religiosos.
-Segunda feira seria um bom dia senhora?
-Prefiro aguardar mais um pouco,tudo bem? Ja com certa impaciência.
-Temos ofertas para cliente que fazem portabilidade posso lhe passar o nosso modelo a senhora gostaria?
-Não.
-Ficou alguma duvida senhora?
-Não.
-Deseja que entremos em contato.
-Não.
-Podemos cadastrar o numero do teu celular?
-Não.
-Deseja receber nossos informativos via e-mail?
-Não.
-Boa noite,senhora.A moça guardava na voz certa doçura.
-Boa noite,Roberta.
Mal colocou o telefone no gancho e ele fez seu som habitual.
-Alô.
-Oi,sou eu
-Esperava que fosse.Usou um tom rude
-Podíamos conversar melhor amanhã em algum restaurante.
-Não acredito Marcelo que seja possivel.
-Nestes 5 anos juntos,Lucia é raro uma fase tuaque não comece com a palavra:Não
-Então a avaliação de nosso relacionamento saltou de e-mail pra telefone.Sabe como me senti ao receber teu e-mail?
-Você sempre foi tão antenada.Rusga na voz
-E romantismo nunca foi teu forte.
Suspiros.
-O que faremos?
-Detesto teu tom grave Marcelo
-Nesse momento não consigo usar falsete.Procurou dar uma risada
-Como cantor lírico você é mais que eficiente,mas humorista?Humor não combina contigo.
-Vindo de uma executiva praticamente alemã isso seria elogio.
-Havia fogo entre nós,não gelo.
-Havia tudo Lucia menos amor.
-Você confunde amor com paixão.Cinco anos Marcelo e você esperava que eu me comportasse como uma garotinhade 15 anos esperando o namorado mais velho na porta do colégio.Você espera de mim a juventude que ja não temos.
-Nunca fiz menção ao tempo.
-Você nunca teve coragem de colocar em palavras o que em teus atos e pensamentos ja permeavam.
-Então você lê mentes? Se soubesse disso antes teriamos montado um circo e ganhado certo dinheiro.
-Dinheiro nunca foi o nosso ponto fraco.
-Mas também não foi nosso ponto forte.
-Você artista Marcelo.
-Era pra você algo lindo precisamente ha seis anos atras.
-Cinco.
-Lucia moramos a cerca de cinco anos juntos,mas entre o namoro na sala de estar da casa dos teus pais até hoje são seisanos de convivencia.
-Desculpe me esqueci.
-Não foi apenas isso que esquecestes.
-Chega de acusações.
-Constatações.
-Constatações?Então cabe aí todas as noites de sábado que aguardei você terminar alguma apresentação para enfim dormirmos juntos?
-Qualquer esposa de caminhoneiro conseguepassar por isto sem mal algum.
-Você faz esforço pra não me entender.
-Eu quero retorno.
-Retorno?
-Eu te desejo Lucia.
-A executiva gelada alemã?
-Não sei,se esta estiver presente no momento de nossa transa talvez não.
Sorrisos,de ambas as partes.
-Eu preciso do teu canto.
-Eu dos teu numeros.
-Recomeço?
-Retire o bilhete meu rapaz.
A porta do apartamento destranca-se ceular ao chão,telefone fora do gancho.Sorrisos arfantes,sons abafados,arrastar de móveis,línguas e afagos.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Família,Fabricio

-Como se ela pudesse entender.
Fabricio deixou em cima da mesa o papel e caneta que pegara pra deixar o bilhete agora não escrito,não deixaria uma só linha do seu desaparecimento.
Ao completar 19 anos achou-se capaz de cuidar de si e longe de casa pretendeu ficar.
Saiu da cidade de São José dos Campos pela madrugada do dia 06 de maio aventurando-se ir para Campinas 5 horas de estrada e la estaria.Cidade que conhecera apenas por nome e se identificara tão logo ao descer na rodoviaria;a conretização do alívio se deu quando o vento tocou seu braço de leve.
Com o pouco dinheiro que tinha instalou-se em uma pensão barata próxima a rodoviaria e por ali ficou,logo começou a trabalhar como caixa de um supermercado em um bairro longe dali uma hora e meia de ônibus até chegar ao trabalho.
Escolheu estudar e viu uma faculdade com preços módicos com sistema a distância matriculou-se em Ciencias Sociais, fascinado ficava pela discussão,pelo embate/debate de temas relevantes ao macro conjunto denominado sociedade.
Achou-se uma partícula no meio de um bolo gigantesco chamado Terra e isso o fazia delirar,anarquico,resoluto, resumido em si, contente estava.Em um dia de Julho a sua espera em frente a porta de seu pequeno quarto de pensão estava uma senhora cabelos pretos presos, calça de brim preta,pequena jaqueta jeans e blusa amarela;olharam-se de forma cumplices.
-Por que foi embora sem se despedir?
-Não havia razão pra palavras,mãe.
-Teu pai perguntou de você hoje pela manhã.Foi aí que percebi que ja era hora de sua volta.
-Já era sabido?
-Você sempre deu indícios que não ficaria conosco.Desde pequeno,você ja era dono do mundo.
-Meu mundo.
-Sim teu mundo,filho.
-Sou tão previsível assim?Como me achou?
-Não seria previsibilidade e sim pistas.Por mais de tres meses você pesquisou sobre essa cidade,lia tudo a respeito dela,acho que cada palmo de chão voce conhece melhor que qualquer um que aqui nasceu,vive ou viveu.Então peguei um ônibus pra cá desci na rodoviaria expus tua foto e em menos de duas horas consegui achar teu lugar.
-Meu esconderijo?
-Teu lugar meu filho,homens como você não se escondem apenas procuram a própria aldeia.
-Eu me sinto tão do mundo mãe,quando estou aqui.
-Você é daqui meu filho,teu coração aqui pousou.
-Me arrependo de ter deixado a senhora.
-E teu pai,não?
-Me lembro dele quando vou dormir.
-Tão iguais vocês dois.
-Quer uma xícara de café,vamos entrar.
-Não filho vou pra rodoviaria passagem marcada pra logo mais.
-Eu te vi e isso importa.
-Eu te amo,mãe.
-Eu sempre soube,me dê um dos teus livros levarei ao teu pai como recordação.A dona da pensão me disse que nunca viu rapaz tão bem educado como vc,que trabalha,estuda vai a igreja,tão resignado.Ela me olhou como dando aprovação a minha criação.Mal sabe ela que você é assim desde pequeno e que mal pude lhe influenciar.Nada tens do meu ateísmo ou meu habito de fumante esporadica,mal sabe ela que desnecessarias foram as vezes que lhe contei historias de Lobo Mau ou alguma canção de ninar.Viestes tão pronto filho meu,nascestes tão teu.Te reconheço meu nestes teus olhos sim nisto somos iguais,inegavel.E o temperamento libertário é de teu pai,solto no mundo,absorto em teus ideais.Te deixo livre meu filho por que sei que contigo levas nosso coração.
Abraçaram-se e la de seu quarto Fabricio viu uma jovem senhora de calça preta jaqueta jeans e blusa amarela sorrir pra si e enviar um beijo aos céus antes de pegar seu ônibus azul .

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Leonel

Ele seria feliz no final do dia.
27 anos ajudante de cozinha em um famoso restaurante conhecido apenas no litoral norte quando o sol decidia raiar.
Tudo em sua volta parecia estar risonho para os demais.
Canções evangelicas no rádio,pistom ouvindo-se na escola de musica gratuita da prefeitua a tres metros,a vizinha bisbilhoteira com seus olhos arregalados e sua língua rapida e àspera a desdenhar da jovem universitaria que estava tendo um caso com o padre da cidade(isso diziam todos),o padre que na sua bela idade de 33 anos não dava a menor atenção aos boatos e continuava a malhar todas as manhas com seu belo corpo de homem solteiro a procura de olhares obsequiosos.
Leonel via a vida passar.
Sentava-se em frente ao computador e escrevia em seu blog algumas poesias sonhava que algum dia uma editora visse a favor do acaso seu blog entre tantos e o contratasse,as quartas feiras participava do culto metodista e no sábado ensaiava junto ao coral.
Seu coração sempre vazio preenchido apenas pela esperança de um dia se tornar escritor famoso,não aquela fama fácil e ardilosa de Paulo Coelho ou Dan Brown queria ele ter o reconhecimento que Carlos Nejar e Ferreira Gullar despertam.
Numa manhã de domingo chuvosa ao ouvir o pastor pregar sobre esperança Leonel foi até uma lan house próximo a igreja e escreveu pela primeira vez um conto.O poeta havia se tornado contista.
Saiu tão contente a assobiar uma música religiosa:"mas é preciso que o fruto se parta e se reparta na mesa do amor,mas é preciso que o fruto se parta e se reparta na mesa do amor",ao atravessar a rua em meio a poças d'agua e vento forte não observou o carro que em sua direção vinha.
Leonel ao chão,sangue espalhado no casaco de couro, as luzes do carro para ele seria o coral celestial a recebe-lo no céu.Dormiu!
Na segunda feira pela manhã em seu funeral nenhuma canção se ouviu.Leonel levou consigo a beleza das letras e a paixão das canções

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Noite adentro

Olhou ao lado e viu o rapaz de bermuda branca se insinuar.
Com olhar atrevido colocou a mão por sobre a bermuda demonstrando o volume que ali havia,Denis decidiu ser seu cliente.
-Quanto custa?
-O que pretende?
-Dependendo do preço tudo.
-Tudo mais hotel sai a R$110,00 reais.
-Entra no carro.
Conversa rápida,sexo nem tanto.
O rapaz da bermuda se chama Rodrigo,se este for seu nome verdadeiro não lhe cai bem,tinha rosto de Carlos.
Dotado homem branco leve cheiro de bebida.
-Você não é daqui?
-Em que sentido?
-Teu sotaque.
-Pois é sou de uma pequena cidade longe daqui,mas moro aqui há um tempo.
-Quanto?
-Dois meses.
-Curte?
-Sim,por quê?
-Te passo meu celular quando quiser é só ligar.
-Obrigado.
Dois homens em uma cama,duas vidas entrelaçadas.Os dois quase um;impagavel o prazer de ter outra respiração no pescoço,aquele gemido cantado dentro da orelha,outra mão boba ligeira.
Pago o valor de acordo um pega a esquina a direita o outro a Av. dos Encantados.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Despedida

O frio lhe fazia bem.
Raul encontrou-se com seu amor na praça próximo de sua casa,infeliz por ser talvez o último dia em que passarão juntos.
Raul olhou de longe seu namorado 1,73 moreno cabelos escuros de sobrenome inglês com traços àrabes.
Chorou.
Moore voltaria pra cidade natal iniciaria o curso de Jornalismo em Porto Alegre e sabia que não seria mais o mesmo quando a distância desse seu parecer no relacionamento.
Frente a frente as lágrimas contínuas na face de ambos.
Triste fim?
Pensamento este rasgou o cérebro dos apaixonados rapazes.
Raul ali viveria na cidade onde nascera e aprendeu amar.Moore encontraria em breve um outro alguém.
Abraçaram-se e com voz baixa concordaram em ir pra um hotel barato.
Transaram loucamente.
Moore cruzou a porta e depois de 5 meses mandou um telegrama.
Havia iniciado um namoro com um professor casado.
Raul leu o telegrama sem saber o sentimento que se dera dentro de si.
Vestiu sua calça jeans preta,camiseta azul clara,tênis all star vermelho e saiu pra contar as folhas caídas no chão.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Rafael

Cansado de aguardar deixou as flores no banco traseiro do carro.
Dirigiu até a estrada velha que dava para rua Conselheiro Montemor estacionou e ficou a pensar.
Três horas se passaram enquanto o sol lá fora se despedia,ele absorto movia os dedos lentamente como um maestro russo ao executar Rachmaninoff.
Ao perceber que as horas avançavam deu marcha ré e parou novamente em frente a praça; linda praça com bonito nome de Ingrid Ishikawa,não sabia quem havia sido tal mulher mas de algum modo a achou digna de ser admirada.
Avistou de vestido azul claro Ana.
Saiu do carro e numa pressa assustadoramente fora de seus padrões perguntou onde havia Ana estado para que uma demora como aquela tivesse ocorrido.
Ana deu um beijo em seu rosto e subiu no ônibus que do outro lado da praça esperava passageiros.
Rafael não viu mais ninguém além dela subir ou assentar-se no 336 Bairro Belo Jardim apenas a moça loira de olhos azuis que lhe beijou a face e o presenteou com uma interrogação.