terça-feira, 7 de abril de 2009

Elines

"E se o ferro ferir e se a dor perfumar.Um pé de manacá que eu sei existir em algum lugar"
Ouvindo Elza Soares ao interpretar Ernesto Nazareth pensou onde encontraria este produto medicinal pra aliviar sua dor.
Elines o deixou sem nada dizer.
Numa tarde ensolarada,após uma noite romântica e um café da manhã corrido como o de tantos outros; viu o sorriso dela brilhar de modo diferente as 6:30 com o sol batendo em seu rosto branco moreno de sol,garota brasileira bronzeada de amor cor da paixão reinante.
Beijou a mulher e o pequeno filho.Foi ao trabalho.
Elines sairia mais tarde.
Antes da saída e próximo ao portão ele a ouviu cantar:"Nas horas que passo pensando em Jesus.As trevas desfaço e busco a luz".Ela sempre fora religiosa como a maioria das mulheres a fé dela tinha sido desde o começo do namoro mais determinada que a dele.No seu horário habitual Elines pegou a bicicleta companheira de sempre colocou o filho na cadeira,beijou-o,conversou com ele e cantou.Cantaram,já que o pequeno menino já balbuciava melodias aprendida com a mãe e foi tudo assim belo sereno de calmaria ímpar.Elines entrou na casa da mãe sem pedir licença aquela familiaridade que só os pais conhecem e entendem,conversou com o pai e foi pra cozinha tirar dúvidas com a mãe,os velhos pais habituaram-se tanto a ver a filha entrar e sair de casa que nunca pensaram como seria não vê-la fazendo sempre deste mesmo modo.
Deixou o filho na casa dos pais e foi ao trabalho.Não voltou.
Elines não retornou.
O telefone tocou.
Tocou na casa dos velhos e na delegacia onde o marido trabalha.
Acidente.
Fatal.
Pé de manacá onde estará?
"Minha jovem moça mulher caminhas entre nuvens ao redor de anjos;entre céus e terra meu amor aqui ficará."
Escreveu esta frase no caderno de anotações da mulher,durante tanto tempo naquele caderno o balanço financeiro de cada mês e uma frase de amor a Deus e ao marido ali era deixada,desta vez foi ele a dedicar.
Elines desapareceu numa tarde quando um caminhão encontrou sua bicicleta e corpo.Frágil corpo.
Caixão lacrado.
Falta a Cláudio o sorriso de Elines.Falta aos pais da moça mulher a intrepidez gentil.Falta ao filho a cantoria religiosa.
Falta ao poeta e contista a amizade levada.

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