sábado, 4 de abril de 2009

Noite

Pelo retrovisor empoeirado de uma avenida movimentada um homem parado.A cena a sua frente o excita a tal ponto de perder a noção da direção que seguia,dois homens se beijam,se esfregam se comem com voracidade,determinação e carinho.Dois homens se exibem através do vitrô empoeirado.
Voltava pra casa após duas horas ininterruptas de ginástica orientações médicas,um homem aparentemente bêbado lhe pergunta as horas debaixo de uma árvore onde a sombra da mesma misturada a escuridão da bela noite o impossibilitava de ver,disse uma hora aproximada daquilo que achava ser,era apenas um ébrio a querer saber das horas,oras.
Neste segundo surge um corpo magro no vitrô de uma velha casa que beijava frontalmente a charmosa avenida.Chamava o bêbado para entrar,coisa que este fez sem hesitar.Não havia ordem ali,não havia mandante e mandado um acordo sem palavras notava-se.O homem intruso que era eu ficou a observar,dois corpos balançando de frente pro vitral,línguas passeando por corpos suados e sedentos,prazer na face de ambos.
Animalesco e belo eram esculturas vivas moldando um quarto velho.
Frases poderiam ser ouvidas mesmo sob o silêncio real ali instalado.
A mais bela visão de uma noite de sábado.Noite só.
Dois corpos quentes numa noite vazia.
Três corpos quentes observando a lua.

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