segunda-feira, 5 de julho de 2010

Família,Fabricio

-Como se ela pudesse entender.
Fabricio deixou em cima da mesa o papel e caneta que pegara pra deixar o bilhete agora não escrito,não deixaria uma só linha do seu desaparecimento.
Ao completar 19 anos achou-se capaz de cuidar de si e longe de casa pretendeu ficar.
Saiu da cidade de São José dos Campos pela madrugada do dia 06 de maio aventurando-se ir para Campinas 5 horas de estrada e la estaria.Cidade que conhecera apenas por nome e se identificara tão logo ao descer na rodoviaria;a conretização do alívio se deu quando o vento tocou seu braço de leve.
Com o pouco dinheiro que tinha instalou-se em uma pensão barata próxima a rodoviaria e por ali ficou,logo começou a trabalhar como caixa de um supermercado em um bairro longe dali uma hora e meia de ônibus até chegar ao trabalho.
Escolheu estudar e viu uma faculdade com preços módicos com sistema a distância matriculou-se em Ciencias Sociais, fascinado ficava pela discussão,pelo embate/debate de temas relevantes ao macro conjunto denominado sociedade.
Achou-se uma partícula no meio de um bolo gigantesco chamado Terra e isso o fazia delirar,anarquico,resoluto, resumido em si, contente estava.Em um dia de Julho a sua espera em frente a porta de seu pequeno quarto de pensão estava uma senhora cabelos pretos presos, calça de brim preta,pequena jaqueta jeans e blusa amarela;olharam-se de forma cumplices.
-Por que foi embora sem se despedir?
-Não havia razão pra palavras,mãe.
-Teu pai perguntou de você hoje pela manhã.Foi aí que percebi que ja era hora de sua volta.
-Já era sabido?
-Você sempre deu indícios que não ficaria conosco.Desde pequeno,você ja era dono do mundo.
-Meu mundo.
-Sim teu mundo,filho.
-Sou tão previsível assim?Como me achou?
-Não seria previsibilidade e sim pistas.Por mais de tres meses você pesquisou sobre essa cidade,lia tudo a respeito dela,acho que cada palmo de chão voce conhece melhor que qualquer um que aqui nasceu,vive ou viveu.Então peguei um ônibus pra cá desci na rodoviaria expus tua foto e em menos de duas horas consegui achar teu lugar.
-Meu esconderijo?
-Teu lugar meu filho,homens como você não se escondem apenas procuram a própria aldeia.
-Eu me sinto tão do mundo mãe,quando estou aqui.
-Você é daqui meu filho,teu coração aqui pousou.
-Me arrependo de ter deixado a senhora.
-E teu pai,não?
-Me lembro dele quando vou dormir.
-Tão iguais vocês dois.
-Quer uma xícara de café,vamos entrar.
-Não filho vou pra rodoviaria passagem marcada pra logo mais.
-Eu te vi e isso importa.
-Eu te amo,mãe.
-Eu sempre soube,me dê um dos teus livros levarei ao teu pai como recordação.A dona da pensão me disse que nunca viu rapaz tão bem educado como vc,que trabalha,estuda vai a igreja,tão resignado.Ela me olhou como dando aprovação a minha criação.Mal sabe ela que você é assim desde pequeno e que mal pude lhe influenciar.Nada tens do meu ateísmo ou meu habito de fumante esporadica,mal sabe ela que desnecessarias foram as vezes que lhe contei historias de Lobo Mau ou alguma canção de ninar.Viestes tão pronto filho meu,nascestes tão teu.Te reconheço meu nestes teus olhos sim nisto somos iguais,inegavel.E o temperamento libertário é de teu pai,solto no mundo,absorto em teus ideais.Te deixo livre meu filho por que sei que contigo levas nosso coração.
Abraçaram-se e la de seu quarto Fabricio viu uma jovem senhora de calça preta jaqueta jeans e blusa amarela sorrir pra si e enviar um beijo aos céus antes de pegar seu ônibus azul .

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