sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Célia e Eu

Célia mulher quase simpática trintona detonada pela raiva,o tempo só lhe fez bem,funcionária pública espremida numa minúscula sala, infeliz por trabalhar na àrea da educação procurava entender oque passaria na cabeça do patrono daquela escola se vivo fosse.
Foi numa dessas tardes de Maio onde quase nada acontece que pela porta da secretaria entra uma senhora alta loira aos berros querendo conversar com a diretora da escola.A mulher de olhos verdes e voz aguda-estridente balança os cabelos de um lado para outro demonstrando belos cachos tratados em salão.O ódio tomou conta ,fazia muito tempo que não sabia o que era um salão só pra ela.
Ao dizer que a diretora não estava a velha loira de cabelos bem tratados lança um olhar de insatisfação e vai até seu carro e traz com insistência um rapaz pela mão:
-Meu filho foi insultado nessa escola por ser homossexual.Onde esta a direção?
Célia olhou para o rapaz procurando pontos efeminados em sua atitude pra sua surpresa o rapaz disse com voz médio-grave:
-Não sou homossexual tenho amigos nesta escola que são,garotas e rapazes.E acredito que devemos ter uma ação contra preconceitos seja racial,étnico,religioso ou de prática sexual.
A mãe olhou para o rapaz absorta.Célia tentou ir em socorro aquela conversa estranha não pelo discurso talvez sincero do rapaz e sim pela falta de sintonia entre mãe e filho.Coisas da atualidade.
Célia paulatinamente com diplomacia incomum disse:A escola só tem a ganhar com atitude de pessoas como seu filho.E vou comunicar essa nossa conversa a direção.Houve agressão física contra você ou contra seus colegas?
-Não.respondeu o rapaz lacônico.
Seu nome sua série e idade por favor? emendou Célia ao rapaz
Animou-se ao ver que o rapaz tinha 19 anos.Aliciamento de menores descartado.
Espantou essa idéia mas não conseguiu deixar de prestar atenção no rapaz de olhos escuros, pele clara, cabelos escuros, voz marcante, lábios grossos médios, charme ao escrever.
A mãe do rapaz quebrou o silêncio com uma frase aguada:Aguardo,melhorias nesta instituição.
Sairam mãe e filho como Júpiter e Saturno dissociados totalmente,visão triste.
Fim de tarde mais de 30 relatórios enviados e mais de 100 recebidos,cobranças do governo,reclamações de professores,irritabilidade da diretora,com esta descobriu que a mãe do rapaz a mal-educada senhora loira foi professora hoje aposentada; explicado seu ódio pelo ensino podre brasileiro.Só os aposentados sabem.
Com sua bolsa de couro no ombro e chave do carro na mão dirigi-se para a garagem da escola,pensando num jantar rápido em casa e algum filme interessante pra assistir em casa fazia um tempo que comprara alguns filmes que continuavam inéditos,os livros tinham tomado seu tempo.
Nélida Pinõn,Adéia Prado,Lygia Fagundes Telles e Marina Colassanti não largavam de seu pé,melhor dizendo os olhos dela não conseguia desgrudar da obra destas mulheres-divas.
Quando chegou próxima ao carro uma voz grave veio-lhe ao encontro,não se assustou.
-Vim me desculpar pelo modo ríspido da minha mãe.Eu acredito que não precisava de nada disso,ainda mais que não teve agressão.
Sua mãe só quis protege-lo.Isso é normal.Afavelmente respondeu
­-Obrigado.
-Moro na avenida Monsenhor Auschberg quer carona?Procurou um tom de pouca proximidade.
-Estou indo assitir um jogo de futebol.
-Mas não esta com roupa adequada.
-Vou assistir apenas,quer vir comigo?
Célia levou segundos pra responder positivamente os filmes inéditos poderiam esperar um pouco mais.
Não entedeu muita coisa de futebol a não ser quando os gols eram feitos.Mas a emoção de ter um tempo pra gritar,espernear sem ter que explicar o por quê,fez tê-la algo bem próximo a orgasmos.
Ficou ali sentada esperando o rapaz voltar dos seus cumprimentos aos seus amigos que perderam o jogo mas continuavam animados pra próxima partida.
-Quer carona?perguntou sorridente
-Acho que estou perto de casa,obrigado.
-Muito agradecimento pra um dia,não acha?
-Desculpa sou assim.
-Desculpo se me convidar mais vezes pra vir aqui.
-Combinado.
Foram embora.
Célia ao chegar em casa cantou juntamente com Elis Regina e as duas bem alto entoavam:São as àguas de Março enfeitando o verão...
Pela manhã ainda impactada pela noite anterior chegou sorrindo ao trabalho e cantarolou.Quando já entediada pelo trabalho que neste dia estava pesado tudo corroborando para um pedido de demissão,ele entrou pela porta de vidro que ela nunca tinha achado bonita,mas que naquele momento se tornou uma das portas de vidro mais bonitas da cidade.
-Vim perguntar sobre o trabalho voluntário na escola.
-Só começa a inscrição em Abril,esta no aviso nas salas de aula.
-Ah,não prestei atenção.A investigou calmamente dando tempo pra ela perceber que ele a queria.
-Hoje não tem jogo de futebol?Sem graça ela perguntou.
-Não mas eu vou precisar de carona.Percebeu que foi direto demais
-Eu vou fazer um trabalho na biblioteca e vou sair no teu horário pode me dar carona?
-Claro.Ainda sem graça esboçou um sorriso.
-Nos vemos mais tarde então.Saiu convencido de ter feito um gol de placa.
Célia saiu no horário do almoço coisa que esporadicamente fazia e foi até sua casa colocou tudo em ordem com coração palpitante e a cabeça dando voltas:Pode ser apenas coisas da minha imaginação.
Mas continuou,a casa estava toda em ordem.Voltou ao trabalho.
Mal podia esperar pra que o fim de tarde chegasse.Chegando enfim, lá estava ele próximo ao carro.Carona perfeita.
Quando ela foi se aproximando da avenida da casa dele.Ele avisou que ficaria na casa de um amigo próximo a casa dela.O coração de ambos formavam uma escola de samba.
Ao parar o carro em frente a casa do amigo dele que era filho de amigos dela,um beijo roubado elo de uma tarde perfeita,não se sabe identificar quem foi o primeiro a beijar,impulso não registrou a hora exata.
Casa dela a duas quadras dali no entanto o carro instrumento pra dois inveterados.
Juventude pra ela,aula de biologia pra ele.
Célia não mais nega carona a jovens acima dos 18 anos,ele não cessa de apresentar futebol a mulheres solteiras.

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