sexta-feira, 6 de março de 2009

Atriz

-Disse adeus.Quando queria correr atrás,abracei o céu e apertei-o rente ao meu peito infeliz.
Aplausos.
A platéia ficou encantada com a última fala da atriz,inclinou-se perante o ovacinamento e delicadamente saiu do palco,sonhara a tempos em fazer aquele espetáculo fôra estudante ferrenha daquele dramaturgo russo.Sua velha avó antiga bailarina lia pra pequena neta as peças deste magnífico,e no seu imaginário de menina pensava apenas em dançar sobre cada palavra do livro,preparou desde então seu ballet.
Ao crescer teve certeza,a dança lhe abençoara pouco,atriz seria.
Sempre envolta nos teatros da cidade empobrecida apaixonou-se pela ribalta,ao retirar a maquiagem no camarim tão bem arrumado uma lágrima saltou dos olhos uma puxou a outra e muitas deram as mãos.Chorou sozinha no camarim arrumado.
Felicidade misturada a tristeza acorrentada ao medo.
Seria o que após aquela apresentação?
Desceu ao estacionamento pegou seu carro e foi a uma padaria próxima de sua casa,degustou um bolo de chocolate acompanhado de matte sem açúcar e pesquisou a alma.
O que estaria sentindo?
A paz até aquele momento não lhe tinha sido apresentada saberia dizer pouco sobre ela ou mesmo reconhecer seria difícil,os olhos haviam secado e a sequidão chegara aos lábios,boca e garganta nenhum chá,suco ou àgua trouxe alívio.
Foi-se.
Trancou-se em casa só.
Pegou o livro antigo da avó,folheou-o inteiro nenhuma emoção.
Nenhuma recordação.
Nada.Emoção mudou pra casa ao lado.
Estranhou.
Na semana anterior quase havia fritado os rins da empregada que deixou o livro cair fazendo com que a capa descolasse,vôou ao pequeno livro
como se pudesse ressuscitá-lo;olhos inchados ao ver seu pequeno russo ao chão.
Entristeceu-se pela empregada que não mais voltou.
Caminhou pela casa foi ao jardim,preparou um chá de melissa,deitou no sofá.
Tudo em silêncio.
Tudo em...paz?
Chá pronto...aprendeu com a avó esse hábito por:"água quente com gosto".
Esperou o chá esfriar consultou o relógio.Pegou a chaleira mais linda com adornos russos foi ao cemitério.
Lavou o túmulo com poucas gotas d'agua quente.

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