quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Celso

Foi num turbilhão de problemas que ele pensou em recomeçar,havia tantas coisas a serem feitas só faltava o primeiro passo,a direção lhe faltava.Tomara proporções gigantescas aquele último jantar.Dias antes reservara dois lugares em um luxuoso restaurante(nem tão luxuoso assim mas para o seu bolso semi vazio de jornalista era uma fortuna)fez free pra algumas revistas internacionais que gostam de explorar a imagem do país no exterior como canibais que andam em Mercedes Benz coisa que jurara desde a formatura nunca se dispor a fazer.
Mulheres;elas mudam os cursos da vida de um homem,de qualquer homem.
Já no restaurante a espera foi de mais ou menos uma hora,quando à viu entrar pelas portas com seu vestido vermelho tomara que caia pensou:"Não caia vestido,não aqui"a idéia de outros homens ver aquele tesouro que ele por meses garimparar lhe causava fúria mortal,sorriu.
Ela afoita em sua maquiagem de Ava Gardner pediu desculpas pela demora num tom grave de Marlene Dietrich e calou-se.Entrou num absurdo silêncio e olhar hipnótico pro relógio de um antiquário qualquer do século 15.A noite começara de forma abrupta pensou que fosse charme.
Tentara outra vez uma conversa trivial:"Soube que a editora da tua revista tem visto teus artigos como os mais excelentes de todos os tempos daquela redação"
-Ela é uma simples redatora gentil,respondeu a moça asperamente
-Já faz algum tempo que ela não elogia alguém dessa forma com toda certeza tua perspicácia foi aguçada pelo teu ótimo desempenho.Tentou ele pela terceira vez.
-Eu não faço por mal e nem por bem,faço o que faço pelo sentido de fazer.A resposta da minha vida esta na consequência dos exercícios,sejam intelectuais,físicos e amorosos.Este último item foi enfatizado num tom leve e firme seguido de uma outra frase feliz.
-Pague a conta!
Sem acenar a possibilidade de contrariar a mulher que até então desconhecia,pagou o jantar e levantaram-se juntos foram em direção ao carro dele e uma mão compenetrada entrou por sua braguilha.Ali em meio a carros e motel a jornalista exercitou seu dom peculiar.Após rápido prazer ela chamou um táxi e foi-se.
Na tentativa de reencontra-la caixa postal no celular,e negativas no trabalho.
Plantou-se no prédio da pequena editora até ver a jornalista de bom texto ao meio da tarde quando ela saiu apressada do prédio ele correu e diss-lhe:"Ainda bem que te encontrei" meio se ar continuou:"Tenho tanta coisa a ti falar mas andas sem tempo não é verdade?"
-Não,não é verdade.
Pausa.
-Não,não é verdade.
Pausa
-Você queria saber e te respondi pra quê esse olhar de espanto?
-És decidida demais não acha?
-Não,não é verdade,apenas gosto que me abordem com flores nas mãos e me convidem pro motel mais próximo e limpo.
Com um nó na garganta ele tentou novamente.

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