segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Fernando

Ardendo em febre Fernando foi a farmácia munido com sua receita médica.
Mau saudou o balconista e logo apresentou seu passaporte pra felicidade seja lá o que iria tomar pois não decora nada muito menos nomes de remédio desejava o retorno do paraíso que nada mais é aquele desejo sóbrio de não sentir dor.
Saído de lá com vários comprimidos coloridos tropeçou na calçada vazia talvez houvesse chutado os próprios pés na pressa de retornar a casa,apenas sua casa;noite chuvosa em São Paulo,um resfriado por presente do tempo,uma farmácia à três esquinas de casa,maus motoristas,cliclistas,motoqueiros e transeuntes dentre todos,ele.
Não sabia se o seu mau humor teria nascido do resfriado-gripe ou do abandono que sentia toda vez que chovia principalmente a noite.
Era feliz ao seu modo.
Felicidade grifada ou pontuada poderia ser infelicidade explicada.
Deixou analista,igreja ou crença que fosse.Conversava com o D'us.Deus que ele passou a crer de forma como os hebreus.Talvez a solidão reinante em cada judeu espahado pelo mundo por não terem um lugar seu e o pseudo lugar nunca ter paz foi o que o fez identificar com essa fé.
Todo judeu é sozinho.
Todo judeu sofre calado.
Tudo sou eu no silêncio da noite.
As vezes,talvez,quase sempre...palavras de seu vocabulário constantemente revisitadas;certeza lhe faltava a dúvida permanente batia em sua porta todas as manhãs.E se não fosse a música...
Ah se não fosse a Arte!
Apenas com ela ele podia ficar mais próximo do Eterno.
Valia a pena continuar em dúvidas diárias?
A consciência o questionava enquanto preparava Leite com aveia e mel.
Confusão seria resposta para os que procuram o caminho alternativo?
Engoliu a castanha olhando pro quadro de Nina Ali Faour;um homem diante de uma cruz cravejada de diamante e sangue, no chão pétalas brancas e romãs.
Pensou em não pensar.
Era sábado,deitou-se.
Ateou fogo no corpo,chorou baixo para não incomodar os vizinhos.

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