segunda-feira, 25 de maio de 2009

Rosélia

Ela cantou alto naquela manhã.
Rosélia mulher séria com idade média,estatura média,religiosidade média,negra de tonalidade média,mezzo soprano.Vivia em seu apartamento com casal de papagaios inférteis,um cachorro vira lata bem próximo da beleza de um pequinês.
Assistia novela as 18:15 pontualmente as segundas feiras,trabalhava o resto da semana.
Atendente de caixa em um Hipermercado sentia-se como uma planta que estava a embelezar porém nem sempre era notada.Sorria,cumprimentava,voltava a sorrir e quase nenhum cliente dava-lhe atenção:"Nada pessoal,é apenas pressa" insistia em repetir.
Falta de educação era impensado.
Em uma terça feira de chuva recebeu um "muito obrigado" de um alto homem de tez negra e sorriso lindo e este foi o primeiro de muitos à cada vez que o via o coração disparava e a pergunta lhe vinha:"Será por mim que ele vem?Serei coroada com este príncipe?"
Em sua casa deitada sobre a cama fria teve a intuição de encontrá-lo no dia seguinte,levantou-se viu e reviu roupas escolheu a mais linda no dia seguinte iria sem uniforme.Inventaria uma história qualquer sobre uma festa inesperada na qual passou a noite toda e veio direto pro trabalho tendo tempo apenas de passar em casa e pegar o crachá.Foi a fármacia comprar tinta pros cabelos escolheu vermelho intenso,mais um óleo que dá brilho como se fosse um lustra móvel cosmético.Bateu na casa da vizinha à 00:20 emprestou maquiagem alheia e pediu dicas de tingimento de cabelo.Aprendeu fazer balaiagem caseira.
Enfim o dia chegado,uma negra-ruiva com vestido tomara que caia bege,em um scarpin preto e um par de brincos luxuosamente baratos e lindos,sentou em seu posto com um crachá discreto a lhe sorrir entre os seios médios deliciosos.
A história da festa colou.
A intuição não falhou,o belo negro alto de dentes brancos e afáveis chegou e estupefato apresentou a ela sua noiva Elis,loira alta de sotaque gaúcho.Rosélia levantou-se deixando as compras do jovem Robson(descobriu seu nome naquela noite)chamou um dos seguranças do Hipermercado um Marcos qualquer solteiro,másculo e nordestino e beijou-o,tirou o pau dele pra fora da calça e chupou-o ali,foi chupada ali,tendo por vouyer o supermercado todo e o mais importante Robson e sua gaúcha ao final do gozo disse:"Desculpe o caixa esta fechado"

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Rezas

O religioso chega de mansinho perto de mim.Pede que lhe diga o que sinto,o por que de tanta tristeza estampada em meu rosto mulato;saberia responder se não tivesse sido interrogado.
Com roupas,fragrância e sutileza de sacristão mandado as feras, veio o pobre protestante(de pobre não tinha nada)tirar o peso da minh'alma.Poderá ele?
-Quero sexo com você.Disse sorrindo pra ele.
-Minha crença não permite.Disse o sacristão protestante calmamente.
-Qual inquietação te perturba? Persuadiu o protestante.
-Teria tempo pra ouvir,ou desejo de ajudar?(mulato)
-És importante pra mim,como céu pro pássaro.(protestante)
-A rejeição me é por companheira.Desconheço aceitação prévia,sorriso afável ou palavras curtas como:Eu te amo!(mulato)
-Faria o que com tais palavras?(Protestante)
-Se viessem de ti?Beijaria-te!(mulato)
-És meu irmão.(protestante)
-Irmãos se beijam.(mulato)
-Te beijaria.(Protestante)
-Eu também.(mulato)
-Mas qual a certeza de que isso aliviria tua dor?(Protestante)
-Qual a incerteza?(mulato)
-Sou fascinado pelo outro lado.(mulato)
-Que lado?(Protestante)
-Onde há silêncio e escuridão.(mulato)
-A certeza da morte?(Protestante)
-Além da certeza,quero o abraço da morte,o beijo sincero desta companheira de todos.E quero neste momento.Tenho fascínio por este lado escuro e mordaz,há tantos que choram de medo por causa deste nada vigente.Pois eu aceito.Minha oração sincera.(mulato)
-Mas um dia ela chegará a todos.Incluso estas!9protestante)
-Talvez seja isso.Não admito a possibilidade dela chegar quando queira.(mulato)
-Controlador.(Protestante)
-Morra comigo,te peço.(mulato)
-Meu Deus prega a vida(protestante)
-Mais uma vez rejeitado,meu destino real.(mulato)
O sacristão protestante se afasta e caminha pra casa.O mulato sentado canta uma canção de ninar na espera do próximo clérigo.